sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A cura acontece por merecimento



Adilson Marques  

Qual a diferença entre uma suposta cura que acontece quando alguém ora em uma igreja católica e põe na boca uma hósteia; ora em um templo evangélico, cantando salmos; participa de uma gira de umbanda, com danças, incensos e estalar de dedos; ora em um centro espírita e recebe um "passe" ou é tratado em um atendimento apómetrico? Apenas são diferentes rituais, diferentes "teatros", diferentes "polissemias simbólicas" porque, na essência, o que determina uma cura espiritual é o merecimento que a pessoa adquiriu.
Deus seria muito injusto se um determinado ritual fosse mais poderoso que outro, por isso não concordo com aqueles que dizem que a apometria é "superior" a desobsessão kardecista e nem com aqueles que dizem que esta última prática é mais eficiente que as sessões de "descapetamento" na Igreja Universal. Enfim, é o merecimento, uma nova forma de falar em carma, que vai possibilitar a cura.
Por exemplo, um dos casos mais curiosos que assisti em um trabalho de apometria foi a cura de uma mulher com a "síndrome da perna inquieta". No atendimento apométrico, uma médium vidente viu um espírito sem pernas e agarrado na "perna inquieta" da mulher. Com a energia emitida pelo grupo, ele "incorporou" em uma médium e contou sua história. Ele foi socorrido e a mulher se curou da "perna inquieta". Mas será que foi a Apometria que a curou? Se essa mesma mulher tivesse ido a uma "sessão de descapetamento", em um centro espírita, em um terreiro de umbanda, em uma missa católica etc. e já tivesse o merecimento para se curar, o espírito seria adormecido e retirado de sua perna sem ninguém saber o que tinha acontecido e sua cura teria uma aura miraculosa. E tamos também que considerar que a visão da médium pode ter sido uma "simbologia" e a "incorporação" do espirito na outra um "animismo". Mas houve a cura da "perna inquieta" e isso que importa. E como salientei, aconteceu pelo merecimento da mulher. Se o tempo de ser curada não tivesse chegado, ela estaria ainda vivenciando sua "perna inquieta".
Enfim, todo tratamento espiritual, e não importa a técnica, consiste em enviar ondas mentais positivas, através do pensamento e do sentimento amoroso, mas esta energia ou vibração só será absorvida pelo enfermo se ele estiver receptivo a ela. Não há milagres em nenhuma técnica espiritual, apesar de alguns atribuir a cura a símbolos miraculosos de antigas civilizações, ao poder do incenso, das velas, dos espíritos "evoluidos" ou "ascensionados", de amuletos etc.
Todo o Universo é criação mental e o poder da mente é tão poderoso que a pessoa cria enfermidades e também a própria cura, mudando inclusive sua carga genética, para o "bem" ou para o "mal". Em alguns casos pode evitar uma "doença cármica" ou um "acidente" previsto para acontecer durante sua encarnação se mudar o foco de sua vida, uma vez que a doença ou os acidentes são também "simbolos" para mostrar que algo em nós precisa mudar. Se a pessoa não muda por "bem", algo pode acontece para ela mudar.
Mas como a própria ciência já sabe, no núcleo de todo átomo só há energia, logo, o que chamamos de matéria é uma concentração incrível de energia. E os budistas sabem que a energia vem da mente e, em breve, a ciência também vai descobrir isso. O importante agora é compreender que até a "energia positiva" da natureza, do fogo, da terra, do ar, da água etc. vem da mente controlada e em paz e a "energia negativa da natureza" também, mas da mente em conflito e egoista. É por isso que a energia da natureza pode ser usada para rituais de magia "branca" ou "negra". Por isso, o mais importante de tudo em uma cura espiritual é a intenção. Com que intenção o terapeuta ou curador faz um ritual, um amuleto ou impõe a mão sobre uma pessoa?
E aquele que procura pelo tratamento espiritual deve se conscientizar que precisa se esforçar, mudando seu padrão de pensamento e de sentimentos, pois não há nenhuma técnica milagrosa e nem "chama" que consome carma. Assim, ela precisa começar a se capacitar para merecer uma cura. Quando esse dia chegar, a cura virá pelos mais diferentes e singulares lugares: o terreiro de umbanda para o evangélico intolerante; o templo evangélico para o espírita racionalista etc.
Por isso, aquele que passa o tempo pulando de igreja em igreja, de técnica em técnica, sem se preocupar em mudar interiormente, vai dizer que todas são inócuas. Mas é importante salientar também que todas são "certas", são necessárias para a vida humanizada do espírito, por isso não faz sentido também ficar criticando trabalhos espirituais que usam "símbolos", pois não usar também não deixa de ser uma "ação simbólica", já que até o pensamento racionalista e iconoclasta traz em si uma representação imaginária de mundo e não altera o "merecimento" de ningúem.

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