sábado, 21 de janeiro de 2012

A Metafisica da Saúde

Sistema Nervoso
 
- Tiques ou Cacoetes: Impulsos e entusiasmos reprimidos
Trata-se de um distúrbio neuropsiquiátrico do comportamento, que na sua grande maioria começa na infância.
A simples presença de tique, principalmente em crianças, não caracteriza a síndrome de Tourette, visto que são relativamente comuns esses sintomas em alguns momentos. Na maioria dos casos, tendem a diminuir em número e frequência até o fim da adolescência.
Para ser caracterizado como distúrbio, os fenômenos compulsivos devem perdurar por pelo menos um ano, mesmo que os sintomas apresentem variações de estilo e local do corpo afetado pelos cacoetes, ou mesmo que alternem entre motor e vocal. Toda forma de cacoete acentua-se pela ansiedade, tensão emocional e estresse.
É reduzida a intensidade de manifestação durante o sono e a prática de atividades que exigem concentração.
Também podem ser suprimidos pela vontade.
Os tiques são definidos como movimentos anormais, de natureza crônica e manifestações breves, rápidas, súbitas, irresistíveis e sem propósitos que justifiquem a realização dos movimentos.
Apresentam graus variáveis, de leve a grave, e flutuam ao longo do tempo.
O grau leve consiste em tiques motores simples, caracterizados por movimentos abruptos, envolvendo contrações musculares, principalmente dos olhos (piscar); também acontecem movimentos de torção do nariz e boca.
O grave equivale a tiques motores complexos, que são mais lentos e parecem propositais, tais como: imitação dos gestos dos outros, gestos obscenos ou bizarros, movimentos violentos como arremesso de objetos, etc.
Além dos tiques motores, que caracterizam o cacoete, existem também os tiques verbais ou vocais e os tiques sensitivos ou sinais acessórios.
Os tiques vocais também tem graus simples e complexos.
Os tiques vocais simples mais comuns são coçar a garganta e fungar; os mais complexos são: repetição involuntária de frases ou palavras de outrem (ecolalia), uso repetido de palavras com sonoridade complexa ou exótica, inseridas aleatoriamente no meio das frases; palavras chulas ou obscenas pronunciadas inadvertidamente, etc.
Os tiques sensitivos são definidos como sensações somáticas de peso, leveza, frio e calor, que ocorrem nas articulações e nos músculos, obrigando a pessoa a executar um movimento voluntário para obter alívio das sensações de desconforto.
 
Na concepção metafísica, os tiques refletem a má administração dos próprios impulsos. Num determinado momento a criança extravasa-os exageradamente, tornando-se irrequieta.
Sua inquietude pode incomodar os adultos, bem como perturbar a tranquilidade do ambiente.
Imediatamente, ela costuma ser tolhida e obrigada a se conter sob a ameaça de punição.
A força motriz é inerente ao ser humano. Ela está presente em todas as fases da vida: na infância, na adolescência e na vida adulta.
As crianças se tornam a principal fonte geradora dos cacoetes.
Nessa fase do desenvolvimento elas estão descobrindo os prazeres existenciais. Encantadas com as sensações agradáveis promovidas pela prática de certas atividades, empolgam-se e não querem parar de brincar.
Quando são impossibilitadas de continuar a brincadeira, experimentam o “gosto amargo” dos limites impostos pelos pais.
Impossibilitadas de fazerem o que gostam e sem idoneidade existencial para escolherem livremente outra atividade prazerosa, para canalizar a impulsividade, reprimem-se. Como ainda não desenvolveram os recursos emocionais para elaborar as frustrações, sentem-se tolhidas.
A dificuldade de elaboração interior consiste principalmente em não saber esperar o momento oportuno para apreciar, por exemplo, outra brincadeira.
As crianças são imediatistas: não admitem a possibilidade de vir a ter mais tarde ou fazer posteriormente o que apreciam.
As coisas precisam ser realizadas naquele exato momento.
O único recurso de que dispõem para manifestar a sua impulsividade, quando tolhidas pelos adultos, é a teimosia.
Elas manifestam sua insatisfação fazendo birras, que funcionam como uma espécie de “válvula de escape” para extravasar sua voracidade.
Além de serem impedidas de continuarem executando atividades agradáveis, também são recriminadas por reagir ostensivamente às negativas impostas pelos cuidadores.
Em vez de serem orientadas a respeito dos motivos que as impedem de continuarem se divertindo, são condenadas a parar imediatamente com as birras. Esses recalques da impulsividade podem, metafisicamente, desencadear na criança os cacoetes.
Vale considerar que a imposição dos limites é fundamentalmente importante para o desenvolvimento emocional das crianças.
Por meio deles, elas começam a desenvolver elementos interiores para elaborar suas frustrações.
Por causa da falta de habilidade para elaboração interior de suas paixões, os jovens tornam-se contestadores.
Não raro, rebelam-se veementemente contra quaisquer limites impostos a eles. Principalmente no que diz respeito à repreensão da prática de atividades satisfatórias.
Eles tem dificuldades para conceber a subjetividade, ou seja, que numa ocasião oportuna, poderão saciar seus desejos, bem como que a vida é uma fonte inesgotável de prazer. Portanto, poderão repetir inúmeras outras vezes aquelas atividades satisfatórias.
Na fase da adolescência, os impulsos são os mesmos dos adultos, exceto pela presença dos hormônios no organismo, que se encontram em doses mais elevadas; isso intensifica as sensações, dando a eles uma impetuosidade maior.
Quando são instigados por alguma atividade prazerosa, ficam tomados pela empolgação e tem dificuldade para exercerem o controle sobre suas próprias emoções.
Os adultos, por sua vez, não estão nessa fase de ebulição dos hormônios.
Quando impulsionados pelo prazer, conseguem gerenciar melhor suas emoções. Contêm-se diante do que os entusiasmam, sem, no entanto, castrarem-se.
Assim sendo, a aceitação dos fatos é mais comum na fase adulta do que na juventude.
Quando o adolescente é limitado por alguma impossibilidade, facilmente ele busca subterfúgios para extravasar seus impulsos. Conforme vai se tornando adulto, aprendem a lidar melhor com suas frustrações.
Esse é o processo de maturidade emocional.
Muitos pais preferem simplesmente impor a sua autoridade sobre seus filhos, em vez de lhes dar explicações.
É mais fácil recriminar do que ficar dando explicações.
Sem contar aqueles pais que não tem paciência ou extravasam na criança as suas próprias frustrações ou revoltas; isso demonstra ausência de maturidade.
A falta de estabilidade emocional dos pais dificulta a educação dos seus filhos.
Obviamente, é necessário impor limites para as crianças, visto que isso fará parte da vida adulta. Mimar os filhos, sendo muito permissivo a eles, cedendo a todos as suas solicitações implica em não prepará-los para a vida adulta.
Na medida em que as crianças aprendem desde cedo a lidar com as frustrações, elas terão mais chances de se tornarem adultos emocionalmente preparados para lidar com as adversidades da vida. Geralmente, os problemas dos pais repercutem de forma negativa na criança. Pode-se dizer até que, em alguns casos, os filhos pequenos são espelhos das condições emocionais dos próprios pais, principalmente no que diz respeito ao surgimento de seguidos cacoetes.
Quando isso ocorre, pode estar acontecendo dos pais, em virtude do nervosismo ou falta de habilidade na educação, estarem reprimindo com muita veemência seus filhos, dificultando o processos de elaboração interior das frustrações.
Os princípios da metafísica rezam que cada um é responsável pela sua própria condição interna. A maneira como a pessoa elabora as ocorrências existenciais define o estado emocional.
Os eventos exteriores não são determinantes sobre a condição interior.
Assim sendo, não se deve atribuir exclusivamente aos pais as dificuldades que os filhos apresentam, no que diz respeito, por exemplo, à elaboração das frustrações. Mas sim, a maneira como a própria criança lida interiormente com aquilo que ela depara no ambiente ou como os adultos a tratam; mesmo enquanto crianças!
Existem crianças mais impulsivas e outras mais sossegadas.
Enquanto algumas são mais fáceis de lidar, por apresentarem características de personalidade maleáveis, outras precisam de intensas repressões para aprenderem a lidar com os limites.
Na verdade, não se pode julgar os pais, com base nos filhos, pois cada ser é constituído de valores internos.
Assim sendo, cada um é responsável por aquilo que se torna.
 
- Estresse: Sentir-se desprovido de recursos interiores diante dos desafios existenciais.
Nos últimos anos o estresse tem sido amplamente estudado por vários pesquisadores.
Surgiram muitas teorias, algumas até contraditórias.
As definições não são objetivas, mas esclarecem uma série de sintomas do estresse.
Um dos precursores desses estudos foi o dr. Hans Selye (médico e pesquisador austríaco que trabalhava em Montreal, no Canadá, em 1936). Ele é reconhecido internacionalmente como criador da teoria do estresse.
Para ele, o estresse “não é uma coisa ruim, depende de como você lida com ele”.
A euforia para executar um trabalho importante, no qual você é bem-sucedido, é ótima. No entanto, o estresse causado pelos fracassos e humilhações é horrível. Selye acreditava que as reações bioquímicas do corpo durante as situações de estresse eram as mesmas, independentes da situação ser positiva ou negativa.
A conhecida resposta de “luta-ou-fuga” faz parte de uma das primeiras pesquisas conduzidas pelo dr. Walter Canon (fisiologista americano) em 1929.
Segundo ele, quando o organismo depara com alguma ameaça, o corpo libera hormônios que ajudam a sobreviver em situações de perigo, auxiliando tanto para a luta mais acirrada, quanto para a fuga rápida.
Isso acontece também quando deparamos com situações inesperadas ou algo que frustra os nossos planos.
Sempre que ficamos excitados, ansiosos e irritados produzimos os hormônios do estresse. Essa mobilização do corpo para a sobrevivência, quando acionada com frequência, tem consequências negativas.
Com o passar do tempo causa efeitos nocivos sobre a saúde.
Precisamos aprender a controlar nossos impulsos para poupar energia no trabalho, ser mais assertivo e reduzir os níveis de estresse.
Parte da resposta de estresse em nós é instintiva.
Provoca reações imediatas ao perigo, antes mesmo de fazermos qualquer associação ou interpretação do fato.
Trata-se de um mecanismo de defesa e preservação da vida.
Outra parte é condicionada pelas experiências ruins vivenciadas no passado.
Elas acionam o alerta diante de situações semelhantes, fazendo com que interpretemos como ameaçadora uma ocorrência que, não necessariamente, oferece risco.
O próprio pensamento pode acionar o alerta e gerar estresse, basta imaginar uma situação de risco, que a suposta ameaça é suficiente para que o organismo se comporte como se estivéssemos diante daquele evento ruim.
Nesse caso, a mente é o principal estressor e não o fato, propriamente dito.
Emocionalmente, a pessoa estressada encontra-se num momento frágil da sua vida. Ela não conta com a firmeza necessária, até então, com problemas tão graves nem foi submetida a sucessivas tensões.
Em alguns casos, as pessoas que se estressam facilmente diante dos desafios, são aquelas que, ao longo da vida, não tiveram que lidar com maiores dificuldades. Podem ter sido poupadas dos problemas existenciais; isso provocou a fragilidade emocional. Quando essas pessoas precisam lidar com contratempos, elas se estressam mais do que aquelas que sempre enfrentaram sozinhas as adversidades da vida.
Isso é comum acontecer, por exemplo, com as crianças que contam com a presença e proteção constante de adultos.
Sempre dispostos a intercederem a favor da criança, impedem que ela aprenda a se defender sozinha. Ao ser provocada por um coleguinha, por exemplo, em vez de resolver a confusão, ela recorre aos monitores que, por sua vez, interferem imediatamente, poupam a criança de lidar com aquele desconforto, solucionando as desavenças.
Sempre que se veem ameaçados, imediatamente recorrem a um adulto.
Obviamente essa é a função dos cuidadores, no entanto, eles não favorecem o aprendizado da criança, evitam que ela mobilize os próprios recursos para sanar o problema por si só.
Vale lembrar que o excesso de proteção impede a criança de desenvolver os recursos de enfrentamento. Quando forem adultos, isso contribuirá para gerar estresse, pois, ao se verem cercados de dificuldades, não saberão como resolvê-las e vão se desesperar com facilidade, desorganizando-se e perdendo o equilíbrio emocional.
Muitas vezes nos queixamos dos frequentes problemas que enfrentamos na vida. Reflita: Será que seus problemas são tão grandes como você imagina ou seus recursos de enfrentamento é que são precários?
Muitas vezes, em vez de desperdiçar energia, vibrando para que as situações melhorem, por que você não experimenta ser fortalecer mais para enfrentar os desafios existenciais?
Quanto mais preparado você estiver, menos ameaçado vai se sentir!
 
- Burnout: Perda da auto referência na execução das atividades. Ambiente de trabalho nocivo aos funcionários.
Também conhecido como estresse laboral, Burnout é um termo em inglês, que no sentido literal significa “queimado” ou “combustão completa”.
Quando essa palavra for atribuída a pessoa, sua tradução é mais compatível com “estar esgotado”.
A síndrome de burnout é definida como uma reação à tensão emocional crônica, causada pela excessiva carga de trabalho, com o mínimo intervalo de tempo para se recuperar.
São mais suscetíveis a entrarem em burnout as pessoas cujas atividades incluem frequentes interações com os outros, como os profissionais da área de saúde (principalmente enfermagem), os professores, etc.
Os funcionários são expostos a situações extremamente desgastante, sem a mínima perspectiva de mudança no desenvolvimento das suas atividades.
Ao contrário do estresse, que é ocasionado principalmente pela maneira com que a pessoa se relaciona com o trabalho, o burnout deve ser associado ao ambiente de trabalho, em que a dinâmica da organização adoece os seus funcionários, enfraquecendo o potencial de produtividade da equipe.
O que leva alguém a entrar em burnout é um conjunto de fatores que ocorre na interação do trabalhador com as condições de trabalho, tais como a falta de instruções e de recursos necessários para o bom desempenho das tarefas, baixas remunerações, excessos de cobrança por parte dos superiores.
Isso tudo submete a equipe a altos níveis de estresse. Também se inclui aqui a sensação de que qualquer esforço por parte da pessoa é em vão.
Além de não se sentir valorizado pela corporação, o funcionário esgota seus recursos de dedicação às pessoas envolvidas com o seu trabalho, e os resultados obtidos são os piores possíveis.
Surge uma sensação de impotência diante dos resultados indesejáveis.
O burnout deve ser tratado em conjunto com as empresas, pois as intervenções terapêuticas feitas isoladamente com os funcionários, não se mostram eficientes. Mesmo fazendo um bom trabalho com as pessoas, com o objetivo de resgatá-las daquela apatia e desinteresse pelo trabalho, quando voltam às suas atividades, expondo-se às mesmas situações, elas adoecem novamente.
O burnout pode ser compreendido como produto de uma interação negativa entre o local de trabalho, a equipe e os clientes.
É diferente do estresse, em que a pessoa pode sair sozinha, mudando, por exemplo, a sua maneira de encarar os problemas, por meio de uma reformulação interior, promovendo a autoconsciência.
O burnout, por sua vez, exige intervenções externas que englobam a ajuda de um especialista e também mudanças na dinâmica de trabalho da empresa.
Nesse caso, não basta fazer um trabalho somente com as pessoas, é preciso promover algumas alterações na empresa em que elas atuam, uma vez que o ambiente de trabalho representa um significativo agente desencadeador dessa síndrome.
Dentre os sentimentos geradores do burnout, destacam-se:
A indignação ou desesperança causadas pelo desejo ardente de dedicação e colaboração com as pessoas envolvidas nas suas ações, seguidas de grandes decepções, que transforma a paixão pelo trabalho em uma atuação meramente automática.
A inutilidade, por não ser reconhecida a sua contribuição para a instituição, atribuindo-se pouca importância àquilo que se faz. Ou ainda, o quanto é inútil qualquer tentativa de fazer um bom trabalho. Falta de reconhecimento tanto por parte da corporação, quanto das pessoas envolvidas com o seu trabalho. Por mais que o profissional se dedique, não consegue alterar o curso da vida dos seus assistidos. Isso gera uma profunda frustração e o sentimento de inutilidade.
A desqualificação, tanto de si mesmo quanto dos demais colegas de trabalho.
Os profissionais não se encontram suficientemente qualificados.
Faltam recursos materiais ou logísticos, preparo emocional e informações adequadas para o exercício das profissões.
O esgotamento ou a exaustão por serem submetidos a uma sobrecarga de trabalho, sem um período de descanso suficiente pelo alto nível de estresse laboral. Mesmo quando se afastam das atividades, não conseguem se desligar das preocupações, tornando as tensões do trabalho, uma espécie de pesadelo para a sua vida pessoal.

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