Sistema Nervoso
- Bulbo: Atitude integradora. Focalizar a atenção.
O bulbo está localizado na base do crânio, abaixo do cérebro e próximo ao início da medula espinhal.
Sua função é conduzir os impulsos nervosos do cérebro para a medula e vice-versa. Também produz estímulos nervosos que controlam importantes funções do organismo, como a respiração, os batimentos cardíacos e os atos reflexos que favorecem as atividades involuntárias do corpo, como a deglutição, a digestão e a excreção.
A região do bulbo é chamada de nó vital; recebe esse nome porque se a pessoa receber uma forte pancada nesse local poderá morrer instantaneamente.
A região do encéfalo em que está localizado o bulbo é denominada tronco cerebral. Nele existe uma estrutura chamada formação reticular, que é responsável pela regulação do estado de alerta ou vigília, contribuindo para a mediação entre o estímulos externos e o mundo interno.
A atenção é algo crucial para a interação eficaz do indivíduo com o seu ambiente, além de favorecer a organização dos processos mentais.
Com ela podemos selecionar qual estímulo será levado em consideração para ser analisado em detalhe.
Esse processo de elaboração interna guia os nossos comportamentos.
A atenção pode ser definida como a capacidade da pessoa responder a um estímulo em prejuízo de outros. Aquilo que for eleito como relevante, passa a sobrepor os outros acontecimentos.
O ato de prestar a atenção prioriza o processamento de certas informações sensoriais, aumentando a sensibilidade perceptual do foco de interesse, ignorando os demais estímulos que não são processados.
Conforme a visão metafísica, a atenção dirigida a algo estabelece um vínculo entre nós e o que focalizamos.
O alvo do foco representa uma espécie de ignição da nossa capacidade interativa e manifesta os impulsos existenciais, despertando a consciência do que existe ao redor.
A interação com o meio mobiliza os recursos internos, tais como: as faculdades mentais para interpretar as ocorrências; a seleção de comportamentos apropriados à ocasião; a força expressiva para atuar nas situações exteriores. Pode-se dizer que os fatores externos nos despertam para a vida, promovendo o aprimoramento dos potenciais inerentes ao ser.
Assim sendo, pode-se dizer que exercemos uma relativa influência no meio que habitamos. Não temos total poder sobre as situações que nos cercam. Toda mudança que conseguimos operar no ambiente, significa que já existia certa predisposição para ela; caso contrário, seria impossível qualquer intervenção.
Por outro lado, a atenção dirigida a algo expressa nossos próprios anseios.
Vemos fora ou nos outros, o que somos interiormente.
No fenômeno da atenção dirigida ao externo, estamos projetando os nossos conteúdos interiores, que estão sujeitos tanto à mutação dos valores pessoais, quanto a produzir os fenômenos alquímicos de transformação da situação que nos rodeia.
Nossos olhos enxergam o que existe ao redor; no entanto, interpretamos de acordo com nosso universo cultural.
Os conteúdos interiores influenciam também na seleção do que vamos dirigir a atenção.
Na maioria das vezes empregamos uma ótica sobre os eventos exteriores de forma a atender aos nossos anseios pessoais, bem como tentamos de todas as formas, adequar as situações exteriores de maneira a atender as expectativas pessoais. Quando isso não é possível, somos levados a rever os nossos valores, sujeitando-os a um processo de transformação.
Caso a condição interna seja valiosa, ela torna-se consistente a ponto de sobrepor os fatos que nos cercam, operando as devidas transformações.
Já, quando a nossa concepção de vida for frágil, ela não conseguirá promover as transformações no meio, mas sim, será transformada pela interação com os episódios exteriores.
Por fim, pode-se dizer que o ato de viver promove mudanças, tanto no meio em que a pessoa habita, quanto no próprio ser, ampliando a percepção de si mesmo, bem como o aprimoramento das faculdades interiores.
Não há vida sem transformação nem mudanças sem interação.
Esse processo sintetiza o estado de vigília.
O sono é uma condição oposta, porém necessária para repor a energia gasta neste processo de interação e de transformação simultânea, entre a pessoa e o ambiente em que ela vive.
- Sono: Ato de desligamento.
O sono proporciona a reposição das energias consumidas durante o período de atividades físicas e mentais.
Reduz as atividades motoras, deprime o metabolismo, baixa a temperatura do corpo, etc.
O repouso é uma alternativa vital da atividade cerebral.
Durante o descanso, ocorre a reprogramação do sistema nervoso.
Em virtude da reduzida estimulação da mente, são feitas as principais organizações das informações colhida durante o dia.
Nos aspectos emocionais, dormir contribui significativamente para amenizar a ansiedade.
As pessoas que repousam bem, tem menos propensão a serem ansiosas.
Dentro de uma concepção metafísica, dormir requer uma atitude de desprendimento e liberação das atividades cotidianas, principalmente dos fatos inusitados, geradores de preocupação.
O descanso só ocorre quando a pessoa despoja-se das preocupações existenciais.
É preciso confiança em si mesma, e também nos processos existenciais, para soltar a vida e deixar as coisas acontecerem.
Somente depois do sono, no dia seguinte, a pessoa retoma a atividade de coordenação dos acontecimentos.
Confiar em si é acreditar ser capaz de dar conta das exigências das situações, sentir-se com recursos internos suficientes para atender a demanda de atividades pertinentes aos nossos afazeres.
Afinal, as ocorrências exteriores são compatíveis ao nosso limite de suporte.
Melhor dizendo, tudo o que assumimos ou nos acontece, está na justa medida de que temos suporte emocional para tolerar.
A visão metafísica comunga com um dito popular: “Deus não dá o fardo maior do que podemos carregar”.
Os desafios são proporcionais a nossa capacidade de resistir a eles.
Quando a pessoa não se sente boa o bastante para dar conta dos acontecimentos é porque ela não tem consciência da sua própria força: está negando os seus atributos, que precisam ser enaltecidos e não abandonados.
A lembrança das vitórias obtidas, dos ideais alcançados e da competência expressa nas atividades anteriores elevam as qualidades interiores, reforçando a confiança em si mesmo.
Como foi dito anteriormente, para despreocupar-se e relaxar para dormir faz-se necessário, também, uma porção de fé nos processos existenciais.
Conceber, por exemplo, a existência de uma força superior ou proveniente da natureza depende da fé de cada um, regendo os acontecimentos cotidianos, como se esses mecanismos etéreos ou divinos, conspirassem a nosso favor, possibilitando a realização do que almejamos.
Quem confia solta, não se torna prisioneiros das preocupações, tampouco exagera na presteza e dedicação.
O empenho excessivo e o uso de força desnecessária demonstram falta de segurança e de fé.
- Insônia: Não dar trégua ao sofrimento.
A insônia é caracterizada pela dificuldade de começar a dormir e/ou ter uma boa noite de sono, prejudicando o desempenho da pessoa durante o dia.
Para ser considerado insônia crônica primária, faz-se necessária uma frequência nos episódios superior a um mês.
Antes disso são consideradas perturbações passageiras do sono ou quadros isolados de insônia, que são decorrentes dos eventos do dia, sejam aqueles extremamente desagradáveis, sejam aqueles que causam felicidade eufórica, ou, ainda, os que despertam a ansiedade por importantes situações que estão por acontecer; todos eles podem comprometer a qualidade do sono.
No tocante à insônia primária, ela pode ser provocada por longos períodos de tensão; por preocupações excessivas e até por autoprogramação, isto é, a pessoa acredita que não dorme direito.
Nesses casos, quando se dorme num outro ambiente (fora de casa), consegue-se descansar melhor, visto ter saído do cenário que já ficou impregnado de inquietações noturnas.
Também existe a insônia provocada por alguns fatores orgânicos, tais como: Problemas pulmonares, cardíacos e estomacais, asma, dor de cabeça, etc.
E, ainda, alterações do mecanismo neurológico ou hormonal, que regulam o sono, tornando-o fragmentado.
Outras causas de insônia são os agentes externos, como a ingestão de substâncias tóxicas, estimulantes, distúrbios alimentares, problemas no ambiente, como barulho, falta de higiene, etc.
Um grande número de pessoas passa boa parte da noite “em claro”, ou seja, com os olhos bem abertos, independentemente de sofrer de insônia.
Em algum momento da vida, todos podem ter o sono perturbado em virtude de alguma fase difícil ou de momentos de grandes expectativas.
Geralmente, numa crise de insônia, a pessoa vivencia uma espécie de “avalanche” de pensamentos, algumas vezes desconexos, outras com as lembranças dos eventos ruins ou, ainda, excessos de preocupações com as situações futuras.
A mente é invadida por essas lembranças que se tornam perturbadoras, ocupando os momentos de repouso, comprometendo a qualidade do sono.
Além desses fatores emocionais, existem os apelos da modernidade para que fiquemos cada vez mais tempo acordados.
Muitos consideram que dormir é perda de tempo, pois podem fazer coisas durante a noite que, antes, só eram possíveis durante o expediente diurno.
Nos grandes centros, existem os mercados 24 horas; bancos dia e noite, com acesso pela internet, pode-se consultar o saldo, fazer movimentações, etc.
Esses e tantos outros recursos da modernidade invadem os momentos do descanso, prejudicando as horas de sono.
Mas essas condições não estão diretamente associada às causas da insônia.
Para algumas pessoas esses recursos modernos servem para distraí-las durante as crises de insônia.
No âmbito metafísico, os diversos tipos de insônia, inclusive aquelas crises momentâneas, refletem o estado interior de dificuldade de desprendimento das situações do cotidiano.
A pessoa não confia suficientemente nela própria para desprender-se dos episódios desagradáveis ou das situações difíceis do dia-a-dia.
Tampouco consegue vencer suas expectativas em relação ao futuro.
Outro fator que deve ser levado em consideração é a dificuldade que a pessoa tem de enfrentar os problemas na hora em que eles estão acontecendo, ou seja, durante o dia.
Essa atitude pode ser considerada um mecanismo de fuga da realidade.
Ela gera um excesso de preocupação no momento de repouso, atrapalhando o sono.
O fato de estarmos fora do cenário e no aconchego da cama são condições favoráveis para relembrar o ocorrido e também pensar a respeito da situação.
Essa mesma atitude poderia ter uma conotação positiva de reflexões e conscientização dos processos existenciais, não fosse algo que tirasse o sono. Nesse caso, a pessoa preocupa-se demasiadamente com o ocorrido por sentir-se incapaz de agir diretamente na situação.
Assim, só se envolve com as ocorrências desagradáveis quando está longe dos fatos, refugiada na segurança do lar e no amparo da sua cama.
Dessa forma, uma condição que poderia representar um importante momento de reflexão, revela-se como dificuldade de enfrentamento; consequentemente fuga da realidade.
A falta de habilidade e de firmeza interior para lidar com os problemas pode levar à negação do que a desagrada. A pessoa perde a auto referência diante dos momentos difíceis.
Ela não sabe o que cabe a ela própria e o que diz respeito aos outros.
Em alguns momentos, assume tudo para si, como se tivesse de dar conta de todas as adversidades; com isso fica atemorizada e recorre à negação e ao esquecimento. Só consegue lidar com o ocorrido mentalmente, nas horas em que deveria estar dormindo.
Quando tem de agir, esquiva-se, negando enfrentar o problema.
Outras vezes, recusa-se terminantemente a assumir qualquer responsabilidade sobre os fatos.
Algumas pessoas se põem completamente à parte dos acontecimentos. Desqualificam-se para intervirem nos momentos difíceis, mas, ao mesmo tempo, não conseguem se desprender das preocupações geradas pelo ocorrido.
Esses tipos de atitudes demonstram negação e fuga e dificultam a coordenação dos acontecimentos ruins, que levariam ao desencadeamento das soluções.
Pode-se dizer que quanto mais distante a pessoa se põe dos fatos, menor a chance de solucionar seus problemas.
- Cerebelo: Habilidade de manifestação no ambiente
O cerebelo é a segunda maior porção do encéfalo.
Está localizado na parte inferior do encéfalo.
Sua função consiste em coordenar os músculos e manter o tônus muscular.
Regula a postura e o equilíbrio corporal. É responsável pela destreza e senso de lateralidade.
Mantém a precisão dos movimentos, possibilitando todas as atividades motoras.
Compara os movimentos pretendidos com aqueles que estão sendo realizados, para uniformizar a marcha e manter habilidade de coordenação das funções mais complexas.
Esse processo de organização da posição do corpo em relação à condição do ambiente ou do solo onde está pisando é chamado de taxia dos movimentos (taxis = ordem).
O cerebelo possibilita realizar os movimentos precisos no ambiente, garantindo ações coordenadas, bem como boa desenvoltura nas expressões da pessoa no ambiente.
A vida se expressa basicamente pelos movimentos.
Pode-se dizer que agir é viver.
Assim sendo, as nossas expressões representam marcas registradas do ser na vida. Quando agimos, impregnamos uma grande força de vida no que executamos.
O empenho nas atividades proporciona a sensação de estarmos presentes e atuantes, coroando a arte de existir tanto para o ambiente, quanto para nós mesmos.
A movimentação do corpo representa, metafisicamente uma das maiores referência das nossas habilidades expressivas. Por meio dela, alcançamos o êxtase da manifestação das qualidades inerentes ao ser.
Agir significa por em prática a nossa fonte de vida.
O empenho no que realizamos possibilita, não somente a manifestação dos potenciais internos, como também um exercício para desenvolver os nossos talentos.
Pode-se dizer que os outros não são os maiores beneficiados com as atividades que praticamos, mas sim, nós, que as realizamos.
Quando fazemos alguma coisa por alguém, temos a impressão de que os privilégios são apenas para os outros, mas na verdade, os maiores beneficiados somos nós mesmos. Ao realizarmos determinadas tarefas, sentimo-nos fortalecidos na certeza de que podemos executá-las com habilidade.
Os resultados materiais dos trabalhos realizados, com o tempo se diluem, ao passo que os recursos internos, angariados durante a execução das tarefas, ficam permanentemente como habilidades desenvolvidas.
O aprendizado obtido pelo que realizamos, ninguém tira de nós, ele dura para sempre.
A experiência torna-se um atributo do ser, que o fortalece emocionalmente, proporcionando segurança, independência e liberdade.
Quando uma pessoa experiente depara com as adversidades da vida, sente-se fortalecida para encarar as dificuldades. Não depende exclusivamente dos outros; ela recorre às suas faculdades internas, em vez de buscar, imediatamente, alguém que a ajude. Primeiro ela faz o que pode, de acordo com o que é capaz.
Caso não consiga resolver sozinha, aí sim, busca auxílio; porém, antes de recorrer aos outros, esgota as suas próprias possibilidades de solução.
Por outro lado, não estamos em busca de uma auto suficiência; ao contrário, compartilhar com os outros é algo extremamente agradável.
No entanto, a própria relação se desgasta quando ficamos dependentes das pessoas que nos cercam, tornando-a nociva para o aprimoramento pessoal. Qualquer dificuldade que aparece, recorremos imediatamente aos outros, sem tentar resolver os problemas por nossa conta.
Esse comportamento impede nosso aprimoramento e transforma um bom relacionamento em um obstáculo do progresso individual.
O que faz uma relação ser saudável é o fato de as pessoas permanecerem uma ao lado da outra, porém, com autonomia, cada uma fazendo sua parte, sem estabelecer vínculos de dependência umas das outras; apoiando-se primeiro em si mesma, para depois compartilhar seus afetos com o outro, ou mesmo pedir ajuda.
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