Sistema Articular e Ósseo
- Coluna Vertebral: Postura de vida. Fundamentação interior e auto referência.
A coluna vertebral é considerada uma obra de engenharia que sustenta o corpo, possibilitando a realização dos mais diversos movimentos.
É um eixo corporal constituído por um conjunto de ossos ou vértebras, arranjados de maneira funcional, uns sobre os outros.
São ao todo trinta e três vértebras.
Anatomicamente, a coluna é dividida em cinco regiões: cervical, toráxica, lombar, sacro e cóccix.
As vértebras ligam-se entre si pelos discos de cartilagem, que amortecem o impacto causado pela caminhada, corrida ou mesmo pelos saltos.
No interior das vértebras cervicais, torácicas e lombares existem canais por onde passa a medula espinhal. Essa nobre parte do corpo humano (o sistema nervoso central) fica protegida pelo revestimento ósseo das vértebras.
Além dessa função, elas servem de apoio para as outras partes do esqueleto.
A disposição anatômica permite ao homem ficar em pé e caminhar, usando somente as pernas (postura bípede).
Segundo Freud, a postura ereta simboliza um fato marcante na espécie humana, distinguindo o homem dos animais, possibilitando a ele, organizar a cultura.
Para Freud, humanizar-se é sair da condição instintiva.
O fato de o homem ter-se levantado do chão e adotado uma postura ereta fez com que houvesse uma desvalorização dos estímulos olfativos e a predominância dos estímulos visuais.
A exposição dos órgãos genitais na postura bípede gerou vergonha e constrangimento.
Esses sentimentos provocaram o desvio dos objetivos sexuais, transformando esse instinto, que antes era puramente tempestuoso, em impulsos inibidos.
Assim sendo, os impulsos que antes eram somente genitais, tornaram-se sentimentos constantes e afetuosos, possibilitando ao homem constituir novas famílias.
A inibição dos impulsos genitais promove as relações amistosas entre as pessoas, estabelecendo os laços de amizade.
A civilização impõe restrições à sexualidade.
Com isso, absorve grande parte da energia do homem, que é canalizada, por exemplo, para as tarefas cotidianas e para as relações interpessoais.
Ao levantar, o homem modificou seus impulsos, podendo dirigi-los para outras áreas da vida. Os impulsos deixam de ter uma manifestação puramente instintiva e passam a dar significado às situações existenciais.
Essas especulações teóricas de Freud, do desvio das forças instintivas do homem, por causa da postura ereta, contribuem para fundamentar a concepção metafísica da coluna.
Essa parte do corpo, metafisicamente, representa um eixo de sustentação interior, permitindo que a pessoa direcione suas forças às situações ao redor.
A postura ereta permite encarar os acontecimentos frente-a-frente, proporcionando sentimentos de igualdade perante os outros.
Nessa posição, obtém-se a sensação de confiança e altivez para lidar com as adversidades da vida.
Favorece o melhor uso da própria força, ampliando a chance de ser bem-sucedido na realização dos objetivos.
Sentir-se bem consigo mesmo é fundamentalmente importante para a constituição da postura da pessoa diante das ocorrências do ambiente. Assim sendo, volta a si, antes de se expor ou de lidar com as situações difíceis, aumenta a firmeza interior, evita recorrer imediatamente aos outros, na busca de apoio e segurança.
Praticamente, todos possuem faculdades internas e/ou experiências suficientes para dar conta dos seus desafios.
No entanto, quando as pessoas se encontram diante dos obstáculos, muitas recorrem aos outros em busca de opiniões para sentirem-se seguras antes de agirem. Esse hábito de buscar referências externas torna-se praticamente um vício. Geralmente dá-se mais atenção aos palpites dos outros do que às suas próprias sensações. Esse comportamento enfraquece a pessoa, prejudicando o auto apoio.
Para se fortalecer interiormente, procure dar conta das suas próprias incumbências, dedicando-se a solucionar os seus problemas, sem ficar na dependência dos outros nem à mercê da sorte.
Proporcione a si mesmo aquilo que você esperava de fora ou dos outros.
Seja independente e livre para agir nas mais variadas situações.
- Postura Corporal: Posicionar-se favorável a si mesmo.
A postura corporal revela o estado interior.
A posição do corpo é uma manifestação dos sentimentos.
Existem algumas posturas que demonstram certas condições emocionais, predominantes na constituição interior. Ao mesmo tempo em que a posição do corpo revela esse universo emocional, ela também interfere nele, podendo alterar certos estados desagradáveis.
À medida que estamos nos sentindo de uma determinada forma, posicionamo-nos de maneira condizente. No entanto, podemos interferir a qualquer momento nesse estado emocional, mudando a posição do corpo. As alterações posturais influenciam nas emoções.
Pode-se dizer que a posição do corpo, tanto reflete o que sentimos, quanto representa um caminho para o mundo interior, promovendo alterações emocionais.
A postura ereta é um reflexo do bom posicionamento da pessoa perante o meio em que atua. Representa a vontade de interagir com os outros, numa condição de igualdade. Reflete a dignidade para consigo mesma e respeito aos outros.
E ainda, coragem e determinação são importantes atributos desta postura.
Ela reflete a segurança e integridade diante dos desafios.
Quando a pessoa é sua própria aliada e permanece ao seu lado, sente-se em condições de corresponder às exigências do meio.
Postura extremamente ereta, com peito estufado para fora e cabeça inclinada para cima, reflete necessidade de aprovação dos outros; compensação da fragilidade interior e autoafirmação.
O exagero na postura reflete um sentimento oposto àquele que o corpo apresenta. Em vez de altivez, conforme o corpo demonstra, o sentimento é de inferioridade.
As pessoas que se comportam dessa maneira não admitem errar.
Elas tem dificuldades para admitir certas verdades apresentadas pelos outros, principalmente quando se opõem às suas próprias concepções de vida.
Não voltam atrás nas decisões tomadas; resistem em abrir mão daquilo que escolheram.
Para melhorar essa postura, faz-se necessário nivelar o sentimento com o comportamento.
Melhor dizendo, abaixar um pouco a “crista” e promover a autoestima.
Postura arcada ou inclinada para frente e para baixo, demonstra inferioridade, falta de coragem e determinação diante dos obstáculos.
Essa posição corporal reflete um sentimento de desigualdade perante os outros.
A pessoa não se sente suficientemente boa para dar conta dos desafios impostos pela vida.
Ao mesmo tempo em que se põe numa condição inferior, seu corpo se inclina para baixo, demonstrando a dificuldade para impor seu ponto de vista ou executar as tarefas escolhidas.
Reprime-se facilmente, negando sua força de ação.
Sente-se desprovida de recursos internos e sem condições externas, apropriadas para ser bem-sucedida nas suas ações.
Mudar a postura e ficar com a cabeça erguida e peito para fora promove uma sensação de igualdade em relação às pessoas em volta, favorecendo a integração com a realidade.
Ao adotar essa nova atitude, por meio da posição do corpo, isso contribui para melhorar o estado emocional e promover sensações agradáveis perante os outros.
- Região Cervical e Pescoço: Interação do pensamento com os acontecimentos. Preservação dos próprios pontos de vista.
O formato das vértebras cervicais permite os movimentos para cima e para baixo e a rotação da cabeça.
Essa região cervical desempenha a função de sustentar e girar o crânio, expandindo a visão por mais de 180 graus.
O significado metafísico dessa parte do corpo é o discernimento entre os pensamentos e aquilo que se passa em volta.
Isso permite que estabeleçamos uma relação amistosa com o ambiente, sem negar os nossos pontos de vistas, tampouco perder o contato com a realidade externa.
Ponderação e comedimentos são atributos metafísicos relacionados à região cervical: agir sem precipitação; saber esperar os momentos propícios para por em prática as suas decisões, sem ansiedade; confiar nas suas próprias escolhas, a ponto de manter-se seguro, sem depender dos bons resultados, tampouco do aval dos outros.
Nem sempre é possível por em prática as nossas decisões.
Ou ainda, os resultados de nossas ações podem não ser promissores.
O mais importante é não perder a confiança no poder de escolha e na capacidade de tomar decisão.
Dentre as atitudes nocivas para a região cervical, destacam-se: buscar referências no passado para preservar alguns pensamentos incabíveis no presente; imaginar ansiosamente as possibilidades futuras, tirando o foco do presente; ou mesmo, negar os fatos, para não ter de alterar a maneira de pensar; não ter flexibilidade para acatar as novas verdades. Essas são as principais atitudes geradoras de conflito que poderão afetar a região cervical da coluna.
Ser inflexível em relação ao que se pensa, dificulta o aprendizado e a amplitude da consciência.
As nossas concepções mentais devem ser comparadas aos acontecimentos exteriores e alguns pontos podem ser alterados, enquanto outros são reforçados. Isso não implica perda de identidade nem falta de fidedignidade a si mesmo.
Ao contrário, essa interação com o mundo aprimora o universo mental, ampliando a visão de mundo.
Aprende-se muito quando se permite olhar em torno e admitir a existência dos fatos.
- Dor no Pescoço: Difícil aceitação da realidade.
É comum a presença de dor na região do pescoço, causada pelo estresse e depressão.
Esses estados emocionais refletem-se nos músculos acima dos ombros, causando contrações contínuas. A contratura muscular da cervical pode provocar dor de cabeça, que pode ser acompanhada de tonturas e zumbidos no ouvido.
As causas mais comuns das dores no pescoço são: comprometimento das vértebras, causado por processos de artrose; comprometimentos articulares, que diminuem ou dificultam os movimentos; posturas e inflamações.
Nos casos de hérnia de disco na cervical, a raiz do nervo é pressionada, irradiando a dor para o membro correspondente.
Dentre os problemas mais graves que afetam o pescoço destacam-se os traumas provocados por acidentes, geralmente de automóveis, nas colisões de frente.
A cabeça é projetada à frente com alta velocidade, em seguida, volta bruscamente. Chamado de “chicote”, esse impacto pode ser fatal ou deixar sequelas graves.
O uso do cinto de segurança diminui o impacto, provocando apenas uma distensão muscular.
Um dos fatores metafísicos das dores no pescoço é a pessoa não saber lidar com as frustrações, geradas pela impossibilidade de constituir na realidade externa o que criou internamente.
O universo racional é muito ativo nas pessoas que sofrem desses ataques súbitos de dores.
Elas constituem modelos mentais bem definidos e fazem muitas expectativas sobre as situações ao redor. Tornam-se rígidas para consigo mesmas, consequentemente, exigentes com aqueles que as cercam.
Um comportamento muito frequente nas pessoas que sofrem de dores no pescoço é o de assumir responsabilidade demasiada sobre o que acontece ao seu redor. Essa condição metafísica está relacionada a um problema específico dessa região: o torcicolo.
Elas permanecem ligadas a tudo o que se passa, não conseguem desligar-se dos acontecimentos, tampouco se despreocupar. Estão sempre pensando no que pode acontecer e como evitar as ocorrências desagradáveis.
Geralmente, suas hipóteses são ruins.
Costumam imaginar o pior, aumentando o grau de preocupação e ansiedade acerca das condições externas.
São pessoas centralizadoras, que adotam uma posição estratégica e querem dar conta de tudo. Com isso, preocupam-se demasiadamente com o andamento das coisas. Dedicam-se ao meio para garantir o melhor resultado.
Quando algo sai errado, culpam-se pelos insucessos, que, às vezes, são dos outros e não propriamente seu.
Também são muito relutantes para acatar o novo, não sabem lidar com as situações inusitadas. Preferem que tudo aconteça conforme o previsto, assim conseguem manter certo controle sobre os fatos, evitando as surpresas desagradáveis.
Quando algo foge ao estabelecido, a pessoa se abala e vivencia intensos conflitos emocionais.
Para reverter esses padrões, metafisicamente nocivos para o pescoço, desenvolva a habilidade de interagir com o meio de maneira mais sensorial ou afetiva.
Seja menos racional.
Não premedite os acontecimentos, tampouco programe todos os seus passos nem o dos outros. Caso os resultados não sejam exatamente como o previsto, saiba lidar com as adversidades, sem se frustrar ou ser relutante.
Renda-se aos mecanismos existentes e aceite o sincronismo dos acontecimentos. Mesmo que os fatos sejam alheios aos seus anseios, existe algo de valioso nas diferenças; aprenda a admirar as diversidades.
Seja menos premeditado e mais espontâneo.
Aprenda a delegar aos outros e confiar neles.
Isso reduz suas preocupações, minimiza o estresse e evita os males do pescoço, colaborando para o alívio das dores dessa região.
- Torácica: Liberdade de ser e capacidade de assumir-se.
A região torácica também é chamada dorsal.
Ela é composta de doze vértebras.
A sua capacidade de movimento é menor, se comparada às regiões cervical e lombar.
As vértebras torácicas são as que apresentam maior consistência; a probabilidade de elas se desgastarem é menor, pois, nessa região estão inseridas as costelas.
Metafisicamente, a região torácica é o ponto central do eixo de sustentação interior. Refere-se à base do apoio em si mesmo.
Para lidar bem com os acontecimentos externos, são necessárias boas estruturas de personalidade, estabilidade emocional e elevada autoestima.
A falta desses atributos dificulta o bom relacionamento com o medo.
Permanecer centrado em si mesmo, saber definir o que diz respeito a si e o que é pertinente aos outros, são aspectos metafísicos essencialmente importantes na preservação da saúde torácica.
Nessa parte da coluna se estabelece o principal eixo de sustentação interior. Equivale às raízes emocionais ou bases afetivas, que foram constituídas ao longo da trajetória de vida.
Uma boa condição emocional é resultante da ampla experiência, angariada, principalmente, por meio dos relacionamentos interpessoais.
Em linha gerais, interpretam-se as costas ligadas ao passado.
Essa interpretação aplica-se mais à região torácica.
Nossas ações presentes são calcadas nos conteúdos emocionais, cuja bagagem trazemos das relações vivenciadas no passado.
Os parâmetros atuais são fundamentados no aprendizado adquirido pelos vínculos estabelecidos outrora. Pode-se dizer que as relações vivenciadas norteiam a nossa manifestação presente.
No entanto, não podemos ficar apegados a esses envolvimentos e deixar de fluir pela vida, estabelecendo novas oportunidades afetivas.
Permanecer preso ao passado e não se libertar para viver intensamente o presente, compromete o contato com o novo e dificulta a aquisição de novas experiências.
A vida familiar representa uma das principais bases emocionais.
Por meio de uma boa convivência com os entes queridos, sentimo-nos fortalecidos para seguir uma trajetória de novas relações.
A integridade evita que nos subjuguemos aos meros caprichos daqueles com quem nos envolvemos, evitando estabelecer relações de dependência.
A comunhão fraterna do lar não pode ser fonte de apego a ponto de impedir que os membros da família estabeleçam novas relações e constituam novas famílias ou simplesmente experimentem outros envolvimentos.
Consideração e respeito para com os entes queridos não significam obrigação e dependência, tampouco, renúncia à felicidade.
Não devemos transformar nossos vínculos fraternos em emaranhados neuróticos, que nos aprisionam à família.
Os atributos positivos do convívio são reproduzidos nas novas relações, proporcionando bases internas suficientemente boas para a formação de vínculos afetivos saudáveis, favorecendo a constituição de bons vínculos amorosos.
2 comentários:
Olá,
gostei. Não conhecia essas características todas, apesar de sentir, vez ou outra, alguns dos sintomas.
Muito grata.
Namastê!!
Gratíssima a você pela leitura. Namastê!
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